A obesidade tem sido considerada a mais importante desordem nutricional nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, devido ao aumento da sua incidência. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é uma epidemia global que atinge mais de 500 milhões de pessoas. Só no Brasil, cerca de 20% da população tem obesidade, atingindo 18,7% dos homens e 20,7% das mulheres.
A obesidade é uma condição de saúde caracterizada pelo excesso de gordura corporal que apresenta prejuízos à saúde, desencadeando inflamação, alterações metabólicas, dificuldades respiratórias e do aparelho locomotor. É uma doença considerada multifatorial, mas o que isso quer dizer?
Entender a obesidade como uma doença multifatorial é compreender que o acúmulo de gordura corporal excessiva vai além do consumo exagerado de alimentos calóricos, pobres de qualidade nutricional, e de hábitos de vida contemporâneos pouco saudáveis. Atualmente, entende-se que a obesidade culmina de um conjunto de multifatores, como os fatores genéticos, metabólicos, socioambientais e psicológicos, associados as desordens nutricionais e o sedentarismo.
Obesidade e fatores genéticos
Diversos estudos comprovam que há transmissão de genes ligados ao desenvolvimento obesidade, sendo assim, crianças que possuem pais obesos tem maiores chances de desenvolver a doença.
Isso porque, os genes relacionados a obesidade podem exercer efeitos negativos sobre o gasto energético, alterações no apetite e até mesmo disfunções na forma como o organismo processa os nutrientes, aumentado as chances de desenvolvimento de sobrepeso das crianças que adotam os mesmos hábitos de vida dos pais.
Obesidade e fatores metabólicos
Alterações nas funções de glândulas importantes para a homeostase metabólica, como por exemplo das glândulas tireoidiana, suprarrenais e da região hipotalâmica, podem favorecer o desenvolvimento da obesidade.
Além disso, os dois principais hormônios relacionados ao equilíbrio da saciedade e indução do apetite, a Leptina e a Grelina, quando em desequilíbrio metabólico, aumentam a propensão a compulsão alimentar, outro fator que contribui para o desenvolvimento da obesidade.
Obesidade e fatores socioambientais
Indivíduos que vivem em grandes centros metropolitanos, que levam uma vida mais agitada, acabam por praticar menos atividade física, além de serem mais propensos a optar por uma alimentação mais rápida e menos saudável.
Esses dois fatores, combinados a níveis elevados de estresse, tabagismo e o consumo de bebidas alcóolicas, aumentam as chances do desenvolvimento de obesidade.
Há também alguns estudos demonstrando o crescente sobrepeso em populações economicamente desfavorecidas, nesse caso, a obesidade relaciona-se com a dificuldade de acesso a alimentos com valor nutricional adequado.
Obesidade e fatores psicológicos
Doenças que acometem o psicológico também podem contribuir com o sobrepeso da população. O estresse, a depressão, a ansiedade e demais desordens que afetam a psique, podem afetar também o centro da saciedade, propiciando o aparecimento de compulsão alimentar e outras doenças relacionadas a ingesta excessiva de alimentos e calorias.
Sabendo que o desenvolvimento da obesidade engloba inúmeros fatores, o tratamento desta doença também deve ser feita de forma multidisciplinar, por meio de abordagens que considerem as características individuais de cada paciente.
Referências
E. N. Wanderley & V. A. Ferreira; Obesidade: uma perspectiva plural; Ciênc. saúde coletiva, v. 15 (1), 2010.
L. Lüdtke & L. S. Roubuste; Obesidade: uma doença multifatorial de abordagem interdisciplinar; Sobresp, v. 4, 2015.
Organização Mundial da Saúde: https://www.who.int/health-topics/obesity#tab=tab_1
Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica: https://abeso.org.br/obesidade-e-sindrome-metabolica/mapa-da-obesidade/
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